3 erros em publicidade médica que colocam seu CRM em risco

Médico analisando normas éticas para publicidade médica em escritório moderno

Ao longo de meus anos de atuação em Direito Médico, já acompanhei inúmeras situações em que um simples post nas redes sociais levou profissionais a comparecerem perante o Conselho Regional de Medicina (CRM) para prestar esclarecimentos – ou, em casos graves, enfrentar sanções que impactam toda uma carreira. A publicidade médica, por si só, causa dúvidas e inseguranças, especialmente no ambiente digital, onde a exposição é maior e os riscos aumentam consideravelmente.

Nesta análise, detalharei três erros que vejo sendo cometidos com frequência e que, sem exagero, podem implodir a reputação e o registro (CRM) dos profissionais da saúde. Exemplos práticos não vão faltar. Afinal, só vivenciando o ambiente regulado da saúde para entender até onde é permitido ir, e onde o excesso ou a falta de cuidado podem cobrar um preço alto.

Erros em publicidade médica podem acabar com sua carreira.

Os limites éticos e legais da publicidade médica

Antes de avançar, é fundamental compreender como o Conselho Federal de Medicina (CFM) fiscaliza tudo o que envolve a comunicação profissional dos médicos. A Resolução CFM n° 1974/2011, revisada periodicamente, determina regras claras que todos precisam conhecer. Outras entidades, como a Anvisa e a Ministério da Saúde, também atuam ativamente nesse cenário. De acordo com acordos entre Senacon e CFM, há uma preocupação crescente em proteger o paciente e garantir que a publicidade na saúde siga padrões éticos, informativos e transparentes.

Isso significa que toda ação publicitária – seja um outdoor, post em rede social ou até o site da clínica – precisa alinhar-se rigorosamente às normas, sob pena de processo ético-profissional.

1. Fotos de antes e depois: por que são proibidas?

Uma das maiores armadilhas, especialmente entre médicos que atuam com estética, dermatologia ou cirurgia plástica, é publicar imagens comparativas de pacientes. Fotos de “antes e depois” de procedimentos médicos, por mais tentador que pareça, representam uma infração direta das normas do CFM.

Já ouço muitos profissionais justificando: “Mas o paciente autorizou por escrito!” Sinto dizer, a autorização do paciente não exime o profissional de responder a processos ético-disciplinares.

Fotos de antes e depois de procedimentos médicos em ambiente clínico O motivo é claro: a exposição da imagem de pacientes pode constranger, ferir sua privacidade ou criar expectativas irreais no público. Ainda, a legislação entende que cada organismo reage de forma única, então os resultados apresentados para um paciente são inatingíveis para outro.

  • Fere o Código de Ética Médica;
  • Constrange e expõe o paciente ao julgamento público;
  • Acaba promovendo concorrência desleal;
  • Pode iludir ou enganar o público em geral.

Durante auditorias e sindicâncias no CRM, fotos ou vídeos dessa natureza costumam pesar bastante contra o profissional, e já presenciei casos em que médicos chegaram a sofrer suspensão do exercício profissional justamente por reincidir nesse erro.

Inclusive, o próprio Conselho Nacional de Saúde alerta para os perigos da desinformação ou de tendências mercadológicas que impactam negativamente a credibilidade da saúde pública (Conselho Nacional de Saúde), mostrando o quão longe podem ir as consequências de práticas aparentemente inofensivas.

Quer aprofundar sobre práticas seguras no contexto das redes sociais? Recomendo a leitura de entenda os limites do marketing médico na era das redes sociais.

Respeite a privacidade. Nunca exponha o paciente.

2. Divulgação de valores e preços de procedimentos

Outro erro recorrente é informar publicamente valores de consultas ou procedimentos médicos. Em um mercado cada vez mais competitivo, há pressão para divulgar vantagens comerciais, mas este é um campo minado: divulgar preços caracteriza mercantilização da saúde, atitude contrária à dignidade da profissão.

A Resolução CFM veda a divulgação de valores em publicidade, entendendo que tal prática reduz a medicina a mera relação comercial, desprezando o caráter técnico, científico e humanizado do cuidado médico.

  • Afeta a percepção da sociedade sobre o profissional, equiparando-o a um comércio comum;
  • Pode induzir o paciente a escolher o serviço apenas pelo preço;
  • Infringe normas legais e éticas;
  • Abre espaço para denúncias e ações administrativas junto ao CRM;
  • Favorece práticas abusivas e pode configurar concorrência desleal.

Em minha experiência com consultorias, já atendi clínicas surpreendidas por notificações do CRM após anunciarem “promoções” no Instagram ou Facebook, muitas vezes por desconhecerem a extensão da norma, ou mesmo por considerarem tal regra “exagerada”. Assim, um post aparentemente simples pode resultar em sindicância – e até mesmo em suspensão ou cassação do CRM se houver reincidência.

Esse entendimento é reforçado pelo posicionamento da Senacon, que determina que anúncios e publicidades devem ser claramente identificados para não induzirem o consumidor ao erro. Transparência sempre, mas sem oferta explícita de valores.

Se o objetivo é ampliar a presença digital e atrair pacientes de forma ética, sugiro conhecer estratégias digitais seguras para médicos, com orientações para se comunicar corretamente sem violar as regras de publicidade.

Preço não se divulga. O valor está na confiança e no resultado.

3. Prometer resultados e garantias em tratamentos

O terceiro erro é um dos mais perigosos para o CRM do profissional: garantir resultados. Promessas como “cura definitiva”, “garantia total de sucesso” ou qualquer afirmação que presuma desfecho certo são totalmente vedadas.

Na saúde, é impossível atrelar previsão de resultado a qualquer tratamento ou procedimento. Cada organismo reage de maneira diferente, e isso é uma verdade inescapável para profissionais éticos. Promover resultados como promessa pode induzir o paciente ao erro, e é considerado infração por potencializar falsas expectativas e até violar o Código de Defesa do Consumidor.

  • Não reconhece a individualidade de cada paciente;
  • Coloca o médico em posição de responsabilidade indevida;
  • Favorece judicialização por expectativa frustrada;
  • Viola a ética e pode levar a processos ético-disciplinares;
  • Fragiliza a relação médico-paciente.

Médico explicando tratamento sem prometer resultados Já testemunhei colegas sendo processados porque, ao prometerem “cura completa” de determinada condição, acabaram acionados por pacientes insatisfeitos. No final, a credibilidade da clínica foi prejudicada e a carreira do profissional ficou marcada.

Se a intenção é trazer clareza ao paciente, troque as promessas por informações educativas sobre o tratamento, riscos e benefícios, explicando sempre que não existem garantias. O correto é informar, esclarecer e, acima de tudo, ser transparente.

Na medicina, o respeito à incerteza é o princípio mais seguro.

Como fazer publicidade médica ética, segura e eficiente?

Ao longo dos anos, consolidei um princípio simples, mas eficiente: a publicidade precisa ser sempre educativa e jamais comercial. Ensino a médicos, gestores e outros profissionais do setor que é possível atrair pacientes, construir autoridade e ampliar sua marca, sem infringir normas éticas.

Veja algumas práticas recomendadas, com base na legislação e orientações do órgão regulador:

  • Evite fotos de pacientes ou qualquer dado que possa identificá-los;
  • Não divulgue valores, descontos ou formas facilitadas de pagamento;
  • Jamais prometa resultados ou garantias de sucesso;
  • Prefira sempre abordar temas educativos, novidades científicas, ações preventivas ou tirar dúvidas sobre saúde;
  • Garanta que todo conteúdo publicitário seja devidamente identificado, conforme a orientação da Senacon;
  • Faça menção ao número de seu registro (CRM) e especialidade, sempre que oportuno;
  • Conheça as regras específicas para propaganda de medicamentos, conforme determinado pela Anvisa;
  • Procure manter-se atualizado, estudando periodicamente as resoluções do CFM e observando os comunicados do Ministério da Saúde sobre comunicação pública em saúde.

Também recomendo investir em comunicação institucional (fala sobre missão, valores e diferenciais da clínica, por exemplo) e educação em saúde, criando conteúdo informativo que auxilie o paciente a entender melhor temas complexos, como prevenção de doenças ou atualização vacinal.

Se você quer entender mais sobre estratégias e práticas alinhadas ao Código de Ética, vale conferir regras do marketing médico: orientações éticas e legais e práticas éticas para atrair pacientes, dois conteúdos que elaborei com base em minha vivência.

O papel da gestão de risco e da assessoria jurídica em publicidade médica

A atuação em saúde exige constante vigilância sobre riscos e oportunidades. Como advogado, contador e consultor de negócios, sempre incentivo o envolvimento de equipes multidisciplinares para blindar jurídicas e estrategicamente clínicas e consultórios.

O apoio de um profissional com experiência em gestão de risco e Direito Médico faz toda diferença. Não é só sobre evitar problemas: é sobre antecipar cenários, interpretar normas antes de agir e oferecer respaldo para comunicações seguras.

Acompanhando casos em que pequenos deslizes resultaram em processos ético-disciplinares, percebo o quanto a prevenção é, de fato, o melhor caminho. Todos esses princípios orientam meu trabalho e o projeto Cassiano Oliveira, destinado a profissionais e empresas do setor da saúde.

Gestão de risco é sinônimo de valorização profissional.

Conclusão: sua reputação está em suas mãos

Enfim, lidar com publicidade médica é um desafio diário. A pressão por resultados, o apelo das redes sociais e a concorrência acirrada testam constantemente os limites éticos do nosso trabalho. No entanto, resistir à tentação de expor pacientes, divulgar preços ou garantir resultados é uma escolha que protege sua carreira, sua reputação e, acima de tudo, a confiança que a sociedade deposita no médico.

Se você sente insegurança ou tem dúvidas, busque sempre orientação especializada. Conheça as soluções do Cassiano Oliveira para prevenção jurídica e comunicação ética. Entre em contato para proteger sua carreira, sua clínica e garantir que sua publicidade seja sempre um diferencial positivo!

Perguntas frequentes sobre erros em publicidade médica

Quais são os erros comuns em publicidade médica?

Os erros mais comuns são: publicar fotos de antes e depois de pacientes, divulgar valores e preços de procedimentos, e prometer resultados ou garantias de tratamentos. Essas atitudes violam normas do Conselho Federal de Medicina e podem resultar em processos éticos e punições pelo CRM.

Como evitar problemas com o CRM na publicidade?

Para evitar problemas, é fundamental sempre respeitar a legislação vigente, produzir conteúdo educativo e informativo, nunca expor pacientes, não divulgar preços e jamais prometer resultados. Também é aconselhável buscar atualização constante sobre as resoluções do CFM e contar com apoio especializado em gestão de risco e direito médico.

O que não pode ser divulgado por médicos?

Médicos não podem divulgar imagens de pacientes (como “antes e depois”), valores ou promoções, prometer resultados de tratamentos, e nem fazer propaganda de medicamentos sujeita à prescrição sem seguir as regras da Anvisa. Essas proibições visam proteger pacientes, garantir a ética e evitar enganos quanto aos resultados esperados.

Quais penalidades pelos erros em publicidade médica?

As penalidades vão desde advertências e censuras até a suspensão ou cassação do registro profissional (CRM), variando conforme a gravidade, reincidência e prejuízos causados. O médico pode ainda responder civil e criminalmente em casos de dano ao paciente ou à sociedade.

Como fazer publicidade médica de forma segura?

O caminho seguro é investir em comunicação institucional e informativa, abordar prevenção, orientar sobre saúde, citar o CRM e respeitar todas as normas do Conselho de Medicina. Recomendo estudar as orientações detalhadas sobre publicidade médica ética publicadas no site Cassiano Oliveira. Com cautela, responsabilidade e respaldo jurídico, o médico pode divulgar seu trabalho e construir autoridade sem riscos.

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Cassiano Oliveira

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