Principais erros em contratos de prestação de serviços médicos

Mesa de reunião com profissionais de saúde e advogado revisando contrato de prestação de serviços médicos

No cotidiano da consultoria jurídica para profissionais da saúde, vejo que os contratos de prestação de serviços médicos ainda são uma fonte constante de insegurança. Em muitos casos, detalhes deixados de lado tomam proporções preocupantes, levando médicos, clínicas e empresas do setor à judicialização. Diante do cenário em que, segundo levantamentos recentes, houve um aumento de quase 67% em processos por erro médico entre 2023 e 2024, é urgente tratar do tema com atenção prática.

Um contrato mal feito pode custar mais que dinheiro: pode custar paz e reputação.

Por que os erros em contratos médicos preocupam tanto?

Na minha experiência, a ausência de regras claras, a falta de alinhamento de expectativas e a negligência de aspectos éticos e legais são as principais causas de litígios. Dados do CNJ mostram crescimento de 506% no número de ações judiciais por erro médico em 2024. Isso reflete não só falhas técnicas nos atendimentos, mas sobretudo falhas contratuais e de comunicação.

Médico e advogado assinando contrato em uma mesa Quando um contrato é redigido sem acompanhamento, vejo cláusulas inconsistentes, ausência de detalhamento dos serviços e lacunas relativas à responsabilidade civil. Na abordagem do projeto Cassiano Oliveira, busco sempre orientar para a prevenção dos riscos, pois, como estima a OMS, mais de 10% dos pacientes sofrem algum dano durante atendimentos.

Principais falhas que encontro em contratos médicos

Com base em minha trajetória e em demandas frequentes recebidas no escritório, enumero as principais falhas observadas:

  • Omissão da descrição detalhada do serviço.
  • Ausência de cláusula de responsabilidade civil e divisão de obrigações.
  • Falta de previsibilidade sobre rescisão contratual.
  • Cláusulas ambíguas quanto à remuneração e reajustes.
  • Descuidos com a proteção de dados e sigilo profissional.
  • Não observância de normas éticas do CFM e legislação vigente.

Esses pontos podem parecer detalhes para quem apenas “baixa um modelo” e modifica poucos trechos. Mas, ao vivenciar discussões judiciais, percebo o quanto as consequências são impactantes.

Como a falta de detalhamento gera disputas?

Um dos erros que mais assisto no dia a dia é a ausência de descrição minuciosa do serviço prestado. Entre consultas, cirurgias, assistência pós-operatória ou plantões, deixar cláusulas genéricas abre espaço para questionamentos como:

  • O que exatamente se espera do profissional?
  • Quais procedimentos estão ou não incluídos?
  • O que pode ser cobrado como extra?

Já vi casos em que discordâncias simples, que poderiam ter sido prevenidas com cláusulas claras, transformaram-se em processos onerosos. O detalhamento evita desentendimentos e protege ambas as partes.

Responsabilidade civil e riscos jurídicos

Entre tantos debates jurídicos, a dimensão da responsabilidade civil é uma das mais sensíveis. Muitos contratos ignoram, ou tratam de forma vaga, a divisão de responsabilidades entre médico e instituição contratante.

Lembro de um caso em que a ausência dessa definição gerou dúvidas se um anestesista seria responsabilizado isoladamente ou se o cirurgião compartilharia o ônus, tema aprofundado em desta análise sobre erro do anestesista. Deixar responsabilidades abertas pode transformar pequenas falhas em grandes demandas judiciais.

Rescisão contratual: como evitar problemas?

Outro aspecto delicado é a rescisão do contrato. Vejo contratos onde não há prazo de aviso, nem penalidades claras. A quebra inesperada do vínculo pode prejudicar o paciente, desorganizar agendas e motivar questionamentos éticos.

Gosto de orientar que toda rescisão preveja:

  • Prazos mínimos de aviso prévio para qualquer das partes.
  • Formas de comunicação (e-mail, carta registrada, etc.).
  • Definição de penalidades justas e proporcionais.

Rescisão abrupta sem regras vira convite ao conflito.

Pagamento e reajuste: o embate silencioso

Entradas em litígio por causa de pagamentos são mais frequentes do que se imagina. Ao não definir critérios transparentes para remuneração ou reajustes, tudo fica sujeito à subjetividade.

Já acompanhei médicos que tiveram prejuízo porque o contrato previa reajustes “conforme negociação”, sem indicador objetivo. Recomendo que insira:

  • Valor exato dos honorários ou critério explícito de cálculo.
  • Prazos fixos de pagamento.
  • Índice claro para reajustes (IGP-M, IPCA etc.).

Sigilo, ética e proteção de dados

Com a vigência da LGPD, tornou-se ainda mais relevante explicitar regras sobre proteção de dados e sigilo médico. Contratos que ignoram essas exigências expõem profissionais e empresas a fiscalizações e possíveis sanções éticas. Além disso, o respeito ao sigilo é amparado pelo Código de Ética Médica e deve aparecer destacado.

Erros que prejudicam a defesa em caso de processo

Tenho visto com preocupação como alguns contratos frágeis aumentam a vulnerabilidade médica em processos judiciais. Em 2024, segundo reportagem baseada em dados do CNJ, 74.358 processos judiciais envolveram supostos erros. Na ausência de um contrato robusto, a defesa se fragiliza, pois falta prova documental de limites, obrigações e procedimentos acordados.

Sala de tribunal com julgamento de processo médico Para entender ainda mais sobre como agir diante de situações litigiosas, recomendo leitura complementar sobre procedimentos em caso de erro médico e a proteção do patrimônio em processos judiciais.

Como evitar os principais erros?

Com base em tudo o que mencionei ao longo do artigo e nos princípios do projeto Cassiano Oliveira, listo atitudes que vejo darem resultados práticos:

  • Personalizar cada contrato segundo a situação específica daquele vínculo.
  • Descrever detalhadamente as atividades e obrigações.
  • Prever divisão clara de responsabilidades.
  • Inserir cláusulas atualizadas quanto à legislação e ética profissional.
  • Garantir transparência nos pagamentos e reajustes.
  • Registrar as condições de rescisão de forma explícita.
  • Atualizar os contratos periodicamente.

Buscar conhecimento específico é fundamental. E, para quem deseja reduzir riscos, a leitura sobre dicas práticas para evitar processos médicos é bastante esclarecedora.

Conclusão

Com a judicialização crescente da Medicina, um contrato bem elaborado deixou de ser diferencial: é necessidade básica. Ter clareza de direitos e deveres, detalhamento de serviços e regras de pagamentos é, sem dúvida, o melhor caminho para minimizar litígios.

Ao longo dos anos, percebi que a melhor proteção para o profissional de saúde está na prevenção. E isso começa por um contrato completo e personalizado. Se você quer garantir tranquilidade para sua prática, conhecer e aplicar boas práticas contratuais faz toda a diferença.

Se deseja apoio para revisar seus contratos, evitar riscos e fortalecer sua atuação no setor de saúde, conheça mais sobre o projeto Cassiano Oliveira. Estamos aqui para ajudar você a atuar de forma segura, ética e dentro da lei.

Perguntas frequentes sobre contratos de prestação de serviços médicos

Quais são os erros comuns em contratos médicos?

Os erros mais comuns incluem falta de detalhamento das atividades, ausência de cláusulas claras sobre responsabilidade civil, omissão de regras para rescisão, critérios confusos sobre remuneração, desatenção ao sigilo profissional e à LGPD. Muitas vezes, também encontro ausência de adequação às normas do Conselho Federal de Medicina, o que pode gerar sanções.

Como evitar problemas em contratos de serviços médicos?

Evitar problemas passa por personalizar, detalhar e revisar cada contrato com frequência. É fundamental definir exatamente os serviços, prever obrigações, estabelecer critérios para pagamentos, dividindo claramente responsabilidades e prevendo rescisões com regras. Consultar um advogado especializado, como recomendado pelo projeto Cassiano Oliveira, é sempre a melhor escolha.

O que não pode faltar em um contrato médico?

Não podem faltar a descrição precisa dos serviços, obrigações das partes, critérios de remuneração e reajuste, cláusula de sigilo e proteção de dados, regras claras para rescisão, divisão de responsabilidades e referência à legislação e ética profissional. Esses pontos são básicos para tornar o contrato válido e seguro.

Quais cláusulas exigem mais atenção?

As cláusulas que mais exigem atenção são: responsabilidades (quem responde pelo quê em caso de dano), sigilo profissional e proteção de dados, reajustes remuneratórios e regras de rescisão. Essas cláusulas afetam diretamente a segurança jurídica das partes envolvidas.

Como corrigir um erro em contrato médico?

Caso um erro seja identificado, o recomendado é realizar um aditivo contratual, registrando a correção de modo transparente e com concordância de ambas as partes. Jamais altere unilateralmente um contrato, pois isso pode invalidar cláusulas e complicar, ainda mais, uma eventual defesa jurídica.

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Cassiano Oliveira

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